ALÔ, ALÔ, CHAMANDO, por Eduardo Haak

BETTER WATCH OUT CAUSE I’M WAR MACHINE Gene Simmons, Kiss, nasceu em Haifa, Israel. Hillel Slovak, do Red Hot Chilli Peppers, também. Consigo imaginar sem dificuldade Hillel como tenente das IDF e Gene (aliás, Chaim Witz) como coronel. 

SEM OLHOS EM GAZA É o título de um livro do Aldous Huxley, que não li e não vou ler, não gosto de Aldous Huxley. Refere-se ao episódio bíblico em que os filisteus cegam Sansão e o levam cativo para Gaza, então ele abraça as colunas do templo e diz, “que eu morra com os filisteus”, etc.

O SOM E O SILÊNCIO A onda sonora é formada por um sinal que se apresenta e por uma ausência que pontua a apresentação desse sinal. 

DX-7 Sempre achei ridículo o som do Yamaha DX-7. A síntese por frequência modulada, que trabalha apenas com ondas senoidais, relacionando frequência portadora e frequência moduladora, é intrinsecamente ruim e invariavelmente gera aquele timbre blin-blin-blin desse famigerado instrumento musical. 

MÚSICAS QUE DEMOREI DÉCADAS PARA DESCOBRIR DE QUEM ERA Rise, do Herb Alpert. Se você quer ser mergulhado imediatamente num clima de lascívia safra 1979, ouça essa música. Rise foi usada e abusada como vinheta de propagandas de motel em idos tempos, mas nunca perdeu o élan. Ela aparece até no filme Liliam, a suja, Antonio Meliande, 1981, numa cena em que a loirona psicopata está com o horrendo Roque Rodrigues num – onde?, onde? – motel.

SPINETTA Provavelmente Mondo di cromo, 1983, não é o melhor álbum de Luís Alberto Spinetta, mas talvez seja o de que eu mais goste. Adoro o clima do disco e duas faixas dele, Yo quiero ver un tren e Días de silencio, estão entre as minhas preferidas de El Flaco. Acho o clima do Mondo parecido com o clima do filme O sonho não acabou, Sérgio Rezende, 1982. Imagino-me namorando a Louise Cardoso, a gente rodando de madrugada por Brasília, aí vamos à torre de TV, eu engraxo (suborno) o vigia noturno, José Dumont, com um Castelo (5000 cruzeiros), aí subimos ao mirante e ficamos lá, namorando, ouvindo no walkman Mondo di cromo e esperando o sol aparecer.

ETHOS Acho uma praga essa mania metonímica de “meu médico”, “meu mecânico”, etc. Uma vez estava tomando café com uma distinta senhorita, então ela pegou o celular e disse, “um minutinho que preciso falar com meu traficante”. Etc., etc. Pensando bem, essa mania vem desde o tempo do onça. Lembrei-me de um artigo do Paulo Francis, ele dizendo que havia encomendado com “seu contrabandista” uns pacotes de Marlboro americano e um disco do Bob Dylan. (O que tem Lay, lady, lay, não sei qual é, sempre caguei pro Bob Dylan.) Sim, todo brasileiro até uns vinte anos atrás tinha “seu contrabandista”. Em 1986, quando o videocassete invadiu massivamente os lares brasileiros, todo mundo comprou com “seu contrabandista” o Panasonic G-9. O aparelho tinha de ser submetido a uma gambiarra tosca chamada transcodificação, de NTSC para PAL-M, e, claro, perdia qualidade consideravelmente no processo. 

PIADA VELHA A diferença entre x e y é que ambos vendem a mãe, mas x vende e não entrega.


20/10/2023