POR ONDA ANDA A CONCIERGE DO IGUATEMI? Até meados dos anos 1990 o Iguatemi tinha uma concierge, uma velhota (coroa soa melhor?) gente boa, meio com a pinta da Shirley Valentine. A simpática senhora chegou a ser capa da Veja São Paulo. Eu ia até perguntar, por onde será que anda?, mas, sinceramente, não estou nem aí pro onde-será que a santa senhora anda ou deixa de andar.
BIOGRAFIA DO SHOPPING CENTER IGUATEMI Rogério Sganzerla rodou poucas e boas passagens de seus filmes O bandido da luz vermelha, 1968, e A mulher de todos, 1969, no Shopping Center Iguatemi, São Paulo. Em O bandido etc. há a cena em que J. B. da Silva, Pagano Sobrinho (v. “No meu governo os pobres vão ter o que mascar, vou dar chicletes a todos”), cercado de maus elementos (capangas, nazistas foragidos, etc.), sobe uma das rampas do Iguatemi, a que na época (e até 1988) margeava a Sears. Em A mulher etc. há a cena em que Ângela Carne e Osso (Helena Ignez) sobe de escada rolante chutando a canela do Flávio Asteca (Stênio Garcia), os dois saindo em frente ao que na época era uma das salas de cinema do shopping, espaço hoje ocupado pela Zeiss Vision. (O único outro filme de cinema que tem cenas que foram rodadas no Iguatemi é o S.O.S. Sex Shop, direção de Alberto Salvá, 1984.)
BETWEEN, MY WELL Onde hoje funciona a loja da Ermenegildo Zegna, no terceiro andar do Iguatemi, já funcionou uma aconchegante (escurinha, etc.) e, quando decadente (1987, 88), embaratada lanchonete. Era o Well’s. O Well’s era do Grupo Pão de Açúcar, Abílio Diniz etc., etc.
(Ermenegildo Zegna é um nome, aliás, muito semelhante a Ermelino Matarazzo, já notaram? “Beetween, my well”, “entre, meu bem”, era uma gracinhola do Infausto Silva, o Infaustão, que, aliás, vem se recuperando bem pra chuchu do transplante de cu, cu esse doado por Clô para os íntimos, vil para os desafetos e dou para todos.)
ROLÊ COM O JULINHO SAFARFDANA NO LUGAR QUE NUMA ÉPOCA FOI UMA ESPÉCIE DE ANEXO DO SHOPPING IGUATEMI Vou com o Julinho Safardana ao Cal Center. Não muito tempo antes de ir morar no túmulo mais brega do Brasil, depois de despencar de uma janela na Rua Conselheiro Brotero na infáustica noite de 6 de junho de 1984, o Júlio discotecou numa casa noturna aqui no Cal Center chamada Pauliceia Desvairada. O que em 1983 era uma casa noturna que havia sucedido outra casa noturna, a Discoteca Papagaio, hoje, 2025, é um lugar incógnito, fechado com uma porta estilo daquela que aparece em Convite ao prazer, o filme do Walter Hugo Khouri, aquela porta daquele lugar onde o Roberto Maya leva a mulherada, etc., etc. O Júlio diz que provavelmente o Khouri arrendou o espaço ali e que deve andar fazendo umas surubas nele. Etc., etc. Dos lugares de antigamente aqui no Cal Center, o único que sobrou é a Lanchonete Puppy. De resto, nada. Nem vestígio das três salas de cinema (fora um cineminha fuleiro no andar térreo que só passava filmes de rock, na verdade uma saleta com uns cinquenta lugares, no máximo). Do fliperama do Bafo de Onça. Da loja da London Fog (também no térreo). Mermão, caguei pra Lanchonete Puppy ou fliperama do Bafo de Onça, vamos tocar essa campainha aí, blin-blooonnn, tocar e já, imagina só as mulheres que o Khouri, aquele libanês safado, etc., etc., assim falou o Júlio, fazendo a campainha soar. Quando a porta foi aberta, eu quase caí pra trás com a surpresa...
DESCONVITE AO PRAZER, POR JACITO FIGUERA JUNOR Desde que lançou A execução pública, em 1976, o feinho, mas extraordinário escritor Robert Coover não fazia tanto barulho com um livro. Desconvite ao prazer, seu novo romance, narra a história de Clodovil, um homem que vai atrás dos malfeitores que roubaram seu cu para vendê-lo no mercado negro dos transplantes. Vocês roubaram aquilo que eu teria dado com prazer!, diz Clodovil ao invadir uma clínica clandestina de transplantes localizada num decadente shopping de São Paulo, clínica que usa como disfarce a fachada de uma suposta discoteca remanescente dos anos 1970, a Papagaio Hérnia de Disco Club. O livro já rendeu um processo para Coover, movido pelos herdeiros do cineasta Walter Hugo Khouri, que alegaram que o personagem Walter Hugo Cu, que na história é o chefe do esquema clandestino de venda de órgãos sexuais, é insultuoso à memória de Khouri, a despeito de ser caricatural e farsesco. O escritor Robert Cu ainda não se pronunciou a respeito.
Etc., etc.
06/09/2025
ALÔ, ALÔ, CHAMANDO, por Eduardo Haak
Assinar:
Postagens (Atom)