FALOU E DISSE Nós, tão cansados da opacidade de nossas vidas e sem mais nenhuma palavra furiosa para dizer, podemos simplesmente pegar um carro e sair dirigindo por aí, Steppin’out, Joe Jackson, 1982.
OUÇO Palais de Mari, Morton Feldman, 1986.
OLAVO TEM RAZÃO, ETC. Um daqueles momentos extraordinários que redimem as coisas estúpidas que Olavo disse a partir do True outspeak (redimem se você não é um idiota que se acha muito esperto por causa de história de terra plana e adoçante de Pepsi feito com fetos humanos abortados). No vídeo Olavo discorre sobre a origem gnóstica do traço fundamental da cultura contemporânea (século XIX para cá, digamos) que é ignorar a liberdade humana como força determinante de eventos históricos.
https://youtu.be/4oqrLyGUfU8?feature=shared
FELIZ ANO VELHO, ETC. Virou ópera do Tim Rescala o livro do Paiva. Tim Rescala? Tim Rescala é jogo duro, mermão. Quando eu era um jovem ingênuo que, hum, de certa forma até me deixava levar por estereótipos de gênios malucos (Einstein mostrando a língua, etc.), isso lá por 1988, vi um disco do Tim, achei que ele era um gênio maluco (careca de óculos, ar de nerd, etc.) e comprei o disco. O disco era uma merda. (Fui procurar o disco, na minha memória a capa mostrava o Tim com um daqueles capacetes de peão de obra, não achei. Ué, será que estou confundindo com outro?)
(Achei o disco. É a trilha de um filme chamado Por incrível que pareça, 1985, em que Rescala foi ator. A trilha não é dele. Esse b.o., portanto, não é do Tim. O filme, de qualquer forma, é péssimo.)
VÁ SE FODER, ETC. Creio que chegamos a um nível irreversível de estupidez quando Albert Einstein, com aquela cara de cachorro que ele tinha, virou a imagem, o signo visual da genialidade. Aliás, o tremendo sucesso da cara do Einstein, sua transformação em ícone, ocorreu não porque ela sugira inteligência, vivacidade, wit, mas porque sugere um cachorro babão.
PAPAI NOEL INADIMPLENTE, NÃO ME INTERESSA, EU QUERO MEU PRESENTE Acho que fiquei bronqueado com essa coisa de Albert Einstein porque, aquelas coisas, ia mal em matemática – ir mal em matemática era um clichê de classe média dos anos 1980, como maconha, psicanálise, a cura do câncer, leia Kardec, etc. –, um puta clima de merda em casa por causa disso, aí toca fazer aula particular, um imenso investimento de energia para tentar evitar que o Chá-Chá-Chá ficasse nervoso, etc., aí umas cogitações do tipo, ah, se eu fosse o Albert Einstein não ia ter essa encheção, ia tirar dez na prova, ia poder ir ao Mappin agora comprar a merda da guitarra Retson, porque só ganha presente de Natal se passar de ano, se repetir vai pro colégio do estado e vai trabalhar porque eu não sustento vagabundo, etc., aí, putz, ser Einstein, bolar o e=mc ao quadrado, etc., etc., só pra passar de ano direto e comprar a tal da guitarra Retson? Não há uma, hum, tremenda desproporção nisso tudo?
É DOS CARECAS QUE ELAS GOSTAM MAIS, SOBRETUDO SE FOR UM CARECA MONTADO NA BUFUNFA, ETC. Michel Foucault estava montado na razão quando dizia que em 99% das vezes o Eudes e a Rose não falam, mas são falados pela linguagem, pelo automatismo cretino da geração de frases, etc.
Etc., etc.
16/07/2025