AILTON KRENAK PERDE CAMPEONATO DE ARCO E FLECHA PARA ESTÚPIDO CUPIDO Eu já disse e digo de novo. Enquanto não surgir um índio fortemente individualizado que escreva um Portnoy’s complaint, ridicularizando o pajé Uga-Uga como Alex Portnoy ridiculariza o rabino Re-ve-ren-ci-a-do, esse assunto – índio – vai continuar no uga-uga, se limitando a fornecer o kitsch nosso de cada dia para alimentar a cabeça oca da militância de esquerda.
HIPÓTESE O suicida, ainda que ele não quisesse isso (ao menos conscientemente), acaba se tornando uma presença-ausência acusadora aos que ficaram. (Nelson Rodrigues dizia que o suicida e a adúltera eram os dois grandes sentenciadores da humanidade.) Ela, a tal presença-ausência acusadora, força os que ficaram a recontar, por exemplo, a história familiar à luz desse infeliz desfecho. Alguns, os melhores, se empenharão nisso. Também se empenharão em não trivializar, em não tirar do gesto sacrificial (suicídio) todo peso e toda gravidade que lhe são devidas. (Esse empreendimento não só não é mórbido como, curiosamente, tem camadas e mais camadas de pura comicidade.) Outros, os piores, os medíocres, os triviais, lavarão ao mãos (v. “Com um oferecimento do Sabão Pilatos”, etc.), terceirizando as responsabilidades: ele se matou “porque estava louco”, “porque estava falido”, “porque estava dominado por espíritos obsessores”, etc., etc.
EUDES “OS COLEGA DA FIRRRMA”, PH.D. O inferno é quando a mediocridade se torna minuciosa e exigente. Atacarejo, por exemplo. Híbrido de atacado e varejo. (A expressão por si só já é horripilante.) Compra e venda de margarina e sabão em pó. Id est¸ a apoteose da mediocridade. Isso por um lado. Porque por outro o atacarejo é um universo em permanente expansão. De repente, quando a gente vai ver já há uma biblioteca de cinquenta mil volumes indispensáveis sobre o atacarejo. Pro cidadão dominar as minúcias todas dessa coisa que, essencialmente, é banal e medíocre, ele precisa fazer graduação, pós-graduação, mestrado, pós-mestrado, doutorado, pós-doutorado. Uns dez anos de estudo. No mínimo. Pra um dia vir a ser Ph.D. em... atacarejo.
CLODOVIL FICOU CONTANDO PIADA RACISTA NO BUEIRO DE FRANCISCO CUOCO Existe sempre algo meio ridículo na posse de coisas, na relação entre o sujeito possuidor e o objeto possuído. Sei lá, eu acho muito engraçado imaginar a máquina de costura da, digamos, Fátima Bernardes. A cadeira de balanço ou a furadeira elétrica de fulano. A boca de fumo daquele seu amigo carola e careta (aí entra um elemento surreal que acrescenta uma camada explicitamente humorística à coisa). E sempre tenho de me controlar para não começar a rir quando estou na fila do supermercado e vejo a pessoa que está na minha frente na fila e as coisas que ela está comprando. Um fulano parecido com o Décio Piccinini (talvez seja o próprio Décio) comprando creme dental Sorriso, detergente Limpol e manteiga Aviação sem sal. Você olha para o sujeito, depois olha para aqueles produtos todos no carrinho e percebe que alguma coisa não bate, que há uma incongruência naquilo, naquela posse ingênua, não mediada por qualquer ironia.
A ATRIZ PORNÔ MAIS BONITA DE TODOS OS TEMPOS DA ÚLTIMA SEMANA A escolhida é a Velicity Von, uma loira de cabelos curtos, americana, nascida em 1979.
“NÃO É MESMO?” (COMO DIZIA NEIDE TAUBATÉ) Você tentava ter uma conversa razoável com ela. Então ela isolava uma palavra, das muitas que você estava dizendo, se agarrava àquela palavra descontextualizada, a imantava com fortíssima carga emocional e então vinha pra cima de você, dando o revide, te atordoando, despejando sobre você uma interminável sequência de punchs e cruzados verbais, girando num loop histérico, reduzindo a nada a possibilidade de vocês terem qualquer conversa razoável.
PIADAS DO SÉCULO PASSADO Aquela do Costinha em que um português explica para o filho que Omo sexual é um sabão para lavar a boceta, etc., etc.
19/10/2025